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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Brasil , Do passado escravagista ao presente libertário , será ?

São João Del Rey



Negros escravizados chegando nos navios
Já faz mais de 35 anos que sou uma apaixonada incurável por HISTÓRIA , não sei o que me prende a um passado que nem vivi , mas o fato é que sou alucinada por história e ao mesmo tempo não me sinto à vontade dentro de casarios seculares , os Kardecistas podem definir com mil teses , fui escrava ? fui dona de escrava ? sei lá ... Já ha algum tempo eu optei por fazer breves mergulhos nas cidades mineiras ligadas ao ciclo do ouro , café , açúcar queria compreender um pouco do que fomos , quem sabe assim um dia conseguisse mensura o que somos ...

Cada cidade mineira que conheço de perto me dá um choquinho no coração de ver de pertinho como os negros sofreram nessas terras , sempre me deparo com algo que me surpreende mas em nenhum lugar até o momento eu vi tão vivo 500 anos depois a segregação humana a que eram submetidos como nas ruas de São João Del Rey.
Ponte onde os barões se sentavam nas laterais enquanto os escravos passava para serem escolhidos
As pessoas passam de lá pra cá e eu no meio delas a imagina a vida ali em 1.600 , 1.700 , 1.800 me pego perfazendo silenciosamente caminhadas por meio fios imaginando como eram os pés sofridos e descalços a passar por ali , o pessoal na pilha duracel batendo fotos alucinadas aqui e ali e eu lá olhando detalhes


  

 beira de parede , fio de meio fio , juntas de paralelepípedo , encosta de telha e tentando fazer na minha mente uma cena real daquela época. comentei com alguém que estava perto

Cena de cotidiano em 1700
.... A vida era dura e nada glamourosa como as imagens que temos do passado hoje nos enganam em pensar. Não se tomava banho as pessoas cheiravam mal , o meio de transporte eram cavalos , bois , mulas logo a cidade devia ter um forte cheiro de estrume sem contar que não havia saneamento se jogava dejetos dos penicos pelas janelas ...

Nas ruas era comum deixar um escravo moribundo para morrer ao léu ... e segui olhando coisas que me deixavam a pensar ...

Porque achamos tudo tão belo se foi tudo feito em cima de muita dor , muita atrocidade e muita morte de humanos escravizados , animais escravizados ... beleza ao preço da eterna dor ?

Em Tiradentes existe dezenas de charretes como essa
Devo ser maluca mesmo , perder tempo pensando nessas coisas em meio a uma animada viagem , mas penso!

Em plena viagem mega animada e festiva eu fico andando sozinha por becos de São João mentalizando a vida como era em 1700 e vendo nas pessoas de 2013 muito dessa herança do descaso por mais que tenhamos evoluído , somos um pais do descaso , o que não me afeta não preciso me preocupar ... a cultura do descaso ...


Ao ver uma calçada tripla onde na de cima andavam os ricos , na do meio os brancos e fora dela os negros me envergonho de ser gente.
Escravos separando ouro vigiados um a um por seus capitães do mato
Lembrar que toda riqueza foi pilhada a exaustão me emudece , que raios tinham os seres humanos na cabeça no mundo dessa época que os levava a caçar outros , matar , violentar , roubar , torturar , trucidar , exterminar e domingo ir a misa ...


Sim , reclamamos dos templos evangélicos de hoje que existe 3 ou 4 na mesma rua , mas me espanta que numa cidade de 5 ruas em 1700 houvesse 6 Igrejas ...


Os Portugueses cometiam todo o tipo de violência a tudo a sua volta e depois iam para as Igrejas se confessar ...

Padre eu estuprei uma escrava , matei o marido dela no chicote dei o filho dela pros cachorros comerem , roubei uma aldeia indígena , queimei tudo e vendi as mulheres todas como escravas sexuais mas fiquei com 2 pra mim , acha que 10 salve rainhas e 3 pai nosso me redime padre ... estou tão arrependido !!!



cotidiano escravo em Minas
 ao ver por um vidro enferrujados instrumentos de tortura me envergonho de viver na terra e por fim uma cena que na hora me veio a mente ...
Nas calçadas de Tiradentes em 21/04/2013 ( dia de Tiradentes ) presenciei 5 homens que espancavam um cavalo magro e eu , sozinha , turista parti pra cima deles com fúria que eles até se assustaram e gritei : Covarde, se vc chutar ele de novo vai ver a sola da minha bota nos seus dentes num chute só. E o cara responde ... É cavalo moça a senhora não tá acostumada é assim mesmo que trata se não ele não anda ...



Não , não tô acostumada e não quero jamais estar... concluo que é secular demais essa alma


acostumada desde 1.500 a matar bicho , matar índio , matar escravo , é milenar demais essa alma acostumada a banalização da vida.

Campo de Minas com trabalho 100% mão de obra escrava

Uma escrava é castigada , outra tenta impedir , um se vira para não ver e os demais assistem com descaso
É milenar além do que minha alma consegue entender , sigo amando Minas Gerais mas meus encontros com o passado remanescente na alma presente em certos momentos me choca , a alma de um povo é o retrato do que ele é, e concluo que somos assim ...

a lida nos carros de boi
Nem ai pra nada que não esteja dentro do nosso circulo intimo , de nosso mundinho. Se não me afeta pra que me importar ... era com esse descaso que se tratava a vida em 1.500 e ele ainda está aqui em 2.013 ...

Leilão de escravos
Numa busca pelo passado 
encontro respostas que eu não gostaria que existissem para o presente.


somos o retrato de 500 anos de Herança do descaso!


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